quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Jorge Serique entrevista a jornalista Suelen Reis

Suelen Reis é Graduada em Direito com Pós-Graduação em Direito Processual Civil e Trabalhista. Está concluindo sua Graduação em Jornalismo este ano. Uma das melhores apresentadoras de TV do Oeste do Pará, há pelo menos dez anos ela se tornou um rosto familiar na televisão santarena. Quem acompanha o jornalismo local, deve lembrar de seus primeiros passos na imprensa. Suelen Reis passou de repórter, detentora de vários troféus Imprensa e com diversas reportagens na Rede Globo, à gerente de jornalismo da maior emissora de comunicação do oeste do Pará.



 #Confira um pouco mais sobre esta grande profissional da TV de nossa cidade.

 
Jorge Serique: Como tudo começou em sua carreira jornalística?
Suelen Reis:  Começou meio por acaso, na  verdade, nunca pensei em ser jornalista. Meu início na televisão foi em programas de variedades, gravava comerciais, adorava conhecer as pessoas, aparecer na TV, coisa de adolescente mesmo, eu tinha 13 anos, mas nunca imaginava fazer disso uma carreira, acreditava que era algo passageiro. No entanto, não demorou muito para eu descobrir a minha vocação. Porém, antes de tentar graduação na área, ainda tinha esperança de ser advogada (risos), a gente sempre resiste né!! Acha que dá para ser médica, advogada, qualquer outra coisa, tanto que me formei em Direito primeiramente, fiz pós-graduação em Direito Processual Civil e Trabalhista, mas não tem jeito, o sangue ferve quando você entra em contato com a notícia, tenta conciliar no início, mas logo percebe qual o seu caminho. E jornalismo, é, acima de tudo, paixão, paixão que te leva a assumir um compromisso maior, que é o interesse público. Tem que gostar da correria, da adrenalina, não ter problema em ser acionado em qualquer horário e abdicar muitas vezes dos momentos em família. A verdade é que sempre gostei de escrever, contar histórias, conversar, “falava pelos cotovelos” desde a infância e nessa época a minha família já dizia “vai ser repórter!!”. Daí foi um passo para entrar nesse mundo maravilhoso e tão desafiador que é o jornalismo.
JS: Qual a sua opinião sobre o jornalismo atual em nossa cidade?
SR: Temos um jornalismo de qualidade em Santarém. Uma turma jovem, sedenta por notícias e, acima de tudo, profissionais muito experientes que são verdadeiros mestres pra quem está iniciando e a quem devo muito. Além do mais, hoje temos cursos de graduação em jornalismo, diferente da época em que comecei que era preciso se deslocar para outros centros em busca de formação nessa área, o que não ocorreu comigo. Procurei outra graduação até que surgisse a oportunidade de cursar jornalismo.
JS: Que mudanças as mídias digitais, as novas tecnologias estão surtindo efeito na prática jornalística em Santarém?
SR: É inegável que a evolução das novas tecnologias da informação provoca inúmeras mudanças para o modo de fazer jornalismo e isso não é, logicamente, um fenômeno local. Hoje temos ferramentas e possibilidades infinitas para a produção de noticias. Essa nova realidade exige a formação de um jornalista com um novo perfil, capaz de circular por todas as áreas, do impresso à internet, é preciso ser multimídia. A consequência maior é o surgimento de uma relação diferenciada com o público receptor da informação. Agora o público não é passivo, opina, critica, se manifesta por meio das redes e das mídias sociais e também pode produzir conteúdo colaborativo. Mudam a audiência, os modos de produção da notícia e, sobretudo, os profissionais, que precisam acompanhar essas tendências. O que não muda são os princípios básicos de se fazer jornalismo: ética, compromisso e responsabilidade.
JS:  Atualmente se fala muito em jornalismo ambiental, dirigido mais à flora e fauna e não no conjunto de fatores que versa sobre o meio-ambiente, o qual o físico austríaco Fritjof Capra chama de “eco literacy”, ou seja “ecoalfebetização”. Como melhor preparar os jornalistas para lidarem com os temas ambientais?     
SR: Acabamos de sair do RIO+20 e percebemos que ainda estamos longe do ideal de garantir que a sustentabilidade seja uma preocupação de todos. Ainda não avançamos do grau de superficialidade na abordagem do tema. O assunto ganha destaque somente em épocas de grandes eventos, como foi a conferência, mas em outros momentos acaba caindo no esquecimento ou fica limitado a alguns grupos. Falar em “ecoalfabetização” é falar em aprendizado, do desenvolvimento de processos educacionais que contemplem uma compreensão geral sobre o papel que cada pessoa tem com o ambiente em que vive. Nesse contexto, os jornalistas precisam buscar primeiramente uma compreensão mais aprofundada sobre esses fenômenos e, por meio da atividade que exercem, estimular uma visão critica sobre a consciência ambiental e a responsabilidade de cada pessoa com o planeta. E isso só se consegue através da informação clara, bem apurada, contextualizada e crítica. Nesse aspecto, é preciso sair da objetividade e buscar algo mais consistente e aprofundado.
JS: Na sua opinião, quais são as fragilidades e as melhorias da imprensa em Santarém?
SR: Em primeiro lugar, não chamaria de fragilidade, mas do desafio a que toda a  imprensa, e não apenas local, está submetida nesse novo cenário da comunicação. Com a imensa velocidade em que as informações são divulgadas (hoje com inúmeras ferramentas), precisamos estar cada vez mais comprometidos com a correta apuração dos fatos. Precisamos de jornalistas responsáveis eticamente e sensíveis aos problemas e desafios da contemporaneidade. O jornalista que reconhece a importância da sua missão sabe que o seu papel não se resume ao relato superficial dos fatos. Apontaria como avanços na imprensa em Santarém, o fato de termos hoje o curso de graduação na área. Além disso, profissionais que já atuavam no jornalismo santareno sem formação específica, reconheceram a importância de buscar uma melhor formação, mesmo sem a exigência de obrigatoriedade do diploma, como foi o meu caso. A consequência tem sido um maior comprometimento com a qualidade da informação. Mas é claro, ainda precisamos avançar, temos um longo caminho a trilhar e isso independe de diploma.
JS: Qual o (a) melhor repórter em Santarém e no Brasil?
SR: Pergunta difícil !! Tive a oportunidade de trabalhar com excelentes profissionais e cada um na sua área de atuação tem os seus méritos. Seria injusto apontar alguém, com tantos por quem tenho imensa admiração, seja os que ajudaram no início da minha carreira ou aqueles com quem trabalho, ou tive oportunidade de trabalhar. Aqui na redação da TV Tapajós, por exemplo, tem muitas “feras” do jornalismo e sou fã de carteirinha de alguns deles. No Brasil, admiro muitos repórteres, entre eles, o premiadíssimo Marcelo Canelas pela sensibilidade na condução de suas reportagens. Neide Duarte pelos textos maravilhosos que consegue traduzir o sentimento dos personagens envolvidos em uma matéria e, claro, não poderia deixar de citar, um dos mais brilhantes repórteres que já conheci, José Hamilton Ribeiro, vencedor de inúmeros prêmios e um dos maiores ícones do jornalismo brasileiro.
JS: Qual a melhor pauta? A que interessa o telespectador, a linha editorial da emissora, assuntos que agradem a todos de modo geral, de utilidade pública, a oferta exclusiva?
SR: A melhor pauta certamente, é aquela que interessa ao telespectador, aquela que é capaz de promover alguma mudança social positiva. Mas, para conseguir boas pautas, é preciso olhar ao redor, olhar para fora da janela da redação, conversar com as pessoas na rua, saber ouvir.
JS: Você busca algum desafio maior em sua carreira ou tudo já foi realizado?
SR: Como seres humanos, incompletos que somos, e sempre em busca de novos desafios, nunca podemos  acreditar que tudo foi realizado. A cada dia vivemos um novo desafio. Precisamos estar preparados para enfrentar cada um deles. Sou movida a desafios, é claro, muitas vezes bate um medo, frio na barriga, mas retomamos as forças e seguimos adiante em nosso compromisso com a informação. Um desejo que tenho em minha carreira é a docência, para que possa contribuir com a formação de novos profissionais da área.

Bate-bola

** Amor? Família
** Família? A base de tudo
** Um inédito encontro com? Ah, eu quero ter um encontro com Fátima Bernardes!
** Medo? Da morte.
** Satisfação é? Jornal no ar!
** Direito ou Jornalismo? Acredito que os dois se completam.

Fonte: O Impacto

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